Olho a baía e penso no engano de suas águas calmas: serenas, mas terrivelmente frias, à ponto de matar um incauto qualquer. Assim, na superfície, tudo parece bem, até que é necessário o mergulho.
E assim são também muitas pessoas, muitas situações.
Eu sei disso tudo, mas meu espírito humanista não me deixa achar isso normal, comum e esperado. O esperado tem de ser o bom, o fiel, o justo, o louvável, o honesto. Acima de tudo, o honesto e o justo. Nem sempre conseguiremos alcançar tal ideal, mas é importante saber que esse foi o fim tentado. Os humanos não podem esquecer que vivem (e, posso dizer, dependem) de outros humanos na vida. Somos, sim, politic beings, mas será que é só isso? E no apagar das luzes, era isso mesmo que se queria, o fim em si? Eu duvido!
No fundo, a baía tem vida, peixinhos, apesar de fria. Será que há vida também dentro dessas pessoas, ou são os tais peixinhos meros frutos de adaptação ao inevitável, e eu que sou a boba de plantão? Será que estou viajando demais? Ou lendo filosofia mais do que devia?
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