This is a bilingual space (Portuguese-English) to expose my writings and to express thoughts, feelings, and ideas in order to stimulate critical thinking for human enrichment and growth. Espaço bilíngue para expor meus textos e expressar pensamentos, sentimentos e idéias que estimulem o pensamento crítico, visando o enriquecimento e crescimento humano. Please, leave your impressions about the blog.Por favor, deixe suas impressões sobre o blog.
12.21.2007
11.14.2007
11.08.2007
De volta
Estou de volta ao blog depois de uma longa ausência. Estou mais inspirada que nunca e espero seus feedbacks para melhorar sempre.
I am back after a long absence. I am inspired and I count on your feedbacks to improve forever.
I am back after a long absence. I am inspired and I count on your feedbacks to improve forever.
Jota e Jury
Jota e Jury
by Valeria Sasser
Lá pros lados do Nordeste, numa cidadezinha miúda, encravada no meio do sertão da Paraíba, havia um sítio de bom tamanho. Essa gleba começava no riacho que corria à leste, juntava-se ao norte e ao sul com terras alheias e à oeste, beirava a estrada que ia até o litoral.
Havia nesse sítio, uma casa de formas modestas, mas de ambientes confortáveis, ou pelo menos confortáveis à maneira do sertão. A vasta varanda de cimento vermelhão polido com cera, varava de ponta à ponta a fachada da casa e redes de várias cores ali estavam para o deleite dos meninos da família, nas tardes de preguiça e calor intenso, como só o sertão tem.
Um desses meninos era o Jota. Um menino de pele morena, pequenino, barrigudinho, de pernas fortes, com a cabeça grande típica do lugar e olhos muito brilhantes. Jota era o mais novo dos irmãos e sempre, ou era deixado de lado dos folguedos de seus irmãos mais velhos, ou era usado como gandula ou poste. Isso sempre o irritava muito, mas naquele lugar, naquela idade e com sua baixa estatura, reclamar era inútil.
Como o tempo demorava muito a passar naquelas bandas e todo desconforto parecia durar uma eternidade, Jota decidiu juntar-se aos adultos na lida diária para ter um pouco de sossego. E assim o fez.
Nos primeiros dias, tudo era novidade: o arado, o broto novo saído da terra escura, o sol queimando a boca e os ombros, a comida fria, mas gostosa que a mãe mandava entregar, o céu incandescente no pôr-do-sol. E havia também Jury, uma égua mansa, manchada de branco, que os trabalhadores usavam para o transporte de ferramentas e alguns ítems de necessidade no campo. Jury logo se apegou ao Jota, e ele, à ela. Mas era um relacionamento de amor e ódio.
Jota se protegia do sol embaixo de Jury e essa andava para o lado para deixá-lo descoberto. De propósito. Jury bebia água e respingava em Jota. Jota comia banana e atentava a égua com a casca quase vazia de fruta. O cheiro da banana deixava o animal louco, porque ela adorava bananas. Jota comia a fruta até quase o toco, olhando no olho do animal, que por sua vez pousava o olhar fixo na banana. Ele, então, dava o cotoco de banana para ela, que comia com tanta voracidade que quase lhe mordia a mão. E ele ria!
Ainda assim, um não vivia longe do outro.
Um dia, não conseguiam equilibrar uma certa carga nos jacás de Jury e bastava ela dar dois passos para ficar estressada com o desequilíbrio em cima de si e parar relinchando irritada com os jacás tortos no lombo.
Até que um peão do sítio olhou pro Jota, olhou para o jacá, tirou o chapéu, coçou a cabeça, olhou de novo para os dois e propôs: “Porqui é que num butamu o minino Jota nu outro jacá de contra-peso? Ele mi pareci du tamanhinho exato di contra-peso!”
E assim, o pai de Jota pegou o seu filho e, depois de mandar mudar toda a carga para um jacá só, colocou o menino no outro.
Perfeito contra-peso! E lá foi Jury com o Jota encarapitado em seu jacá, olhando para o menino com olhos de égua curiosa a cada dez passos, porquê, afinal, esse era um ponto de vista totalmente novo para ela, que sempre tinha Jota ao seu lado, mas no chão.
O Jota, esse ficou com um pouquinho de medo na primeira vez, depois aprendeu a dobrar as perninhas de modo confortável e passou a desfrutar do passeio, afinal menino sertanejo não tem medo de coisa pouca.
Jury, seguindo seus instintos maternais nunca exercidos porque ela era híbrida, começou também à cuidar e a desfrutar de seu pequeno companheiro no lombo. Mesmo quando não havia carga, ela relinchava, ficava inquieta, mostrava os dentes até que Jota subisse e se encarapitasse no jacá. Daí, Jury saía, pode-se dizer, saltitante de felicidade. E Jota também apreciava esse amor do animal por ele.
Assim, Jury e Jota ‘Contra-Peso” ficaram conhecidos por aquelas bandas por conta dessa amizade sincera e profunda de que desfrutavam. Até que Jota cresceu, Jury envelheceu e a vida os levou em diferentes direções, como sempre acontece com meninos sertanejos e éguas híbridas.
by Valeria Sasser
Lá pros lados do Nordeste, numa cidadezinha miúda, encravada no meio do sertão da Paraíba, havia um sítio de bom tamanho. Essa gleba começava no riacho que corria à leste, juntava-se ao norte e ao sul com terras alheias e à oeste, beirava a estrada que ia até o litoral.
Havia nesse sítio, uma casa de formas modestas, mas de ambientes confortáveis, ou pelo menos confortáveis à maneira do sertão. A vasta varanda de cimento vermelhão polido com cera, varava de ponta à ponta a fachada da casa e redes de várias cores ali estavam para o deleite dos meninos da família, nas tardes de preguiça e calor intenso, como só o sertão tem.
Um desses meninos era o Jota. Um menino de pele morena, pequenino, barrigudinho, de pernas fortes, com a cabeça grande típica do lugar e olhos muito brilhantes. Jota era o mais novo dos irmãos e sempre, ou era deixado de lado dos folguedos de seus irmãos mais velhos, ou era usado como gandula ou poste. Isso sempre o irritava muito, mas naquele lugar, naquela idade e com sua baixa estatura, reclamar era inútil.
Como o tempo demorava muito a passar naquelas bandas e todo desconforto parecia durar uma eternidade, Jota decidiu juntar-se aos adultos na lida diária para ter um pouco de sossego. E assim o fez.
Nos primeiros dias, tudo era novidade: o arado, o broto novo saído da terra escura, o sol queimando a boca e os ombros, a comida fria, mas gostosa que a mãe mandava entregar, o céu incandescente no pôr-do-sol. E havia também Jury, uma égua mansa, manchada de branco, que os trabalhadores usavam para o transporte de ferramentas e alguns ítems de necessidade no campo. Jury logo se apegou ao Jota, e ele, à ela. Mas era um relacionamento de amor e ódio.
Jota se protegia do sol embaixo de Jury e essa andava para o lado para deixá-lo descoberto. De propósito. Jury bebia água e respingava em Jota. Jota comia banana e atentava a égua com a casca quase vazia de fruta. O cheiro da banana deixava o animal louco, porque ela adorava bananas. Jota comia a fruta até quase o toco, olhando no olho do animal, que por sua vez pousava o olhar fixo na banana. Ele, então, dava o cotoco de banana para ela, que comia com tanta voracidade que quase lhe mordia a mão. E ele ria!
Ainda assim, um não vivia longe do outro.
Um dia, não conseguiam equilibrar uma certa carga nos jacás de Jury e bastava ela dar dois passos para ficar estressada com o desequilíbrio em cima de si e parar relinchando irritada com os jacás tortos no lombo.
Até que um peão do sítio olhou pro Jota, olhou para o jacá, tirou o chapéu, coçou a cabeça, olhou de novo para os dois e propôs: “Porqui é que num butamu o minino Jota nu outro jacá de contra-peso? Ele mi pareci du tamanhinho exato di contra-peso!”
E assim, o pai de Jota pegou o seu filho e, depois de mandar mudar toda a carga para um jacá só, colocou o menino no outro.
Perfeito contra-peso! E lá foi Jury com o Jota encarapitado em seu jacá, olhando para o menino com olhos de égua curiosa a cada dez passos, porquê, afinal, esse era um ponto de vista totalmente novo para ela, que sempre tinha Jota ao seu lado, mas no chão.
O Jota, esse ficou com um pouquinho de medo na primeira vez, depois aprendeu a dobrar as perninhas de modo confortável e passou a desfrutar do passeio, afinal menino sertanejo não tem medo de coisa pouca.
Jury, seguindo seus instintos maternais nunca exercidos porque ela era híbrida, começou também à cuidar e a desfrutar de seu pequeno companheiro no lombo. Mesmo quando não havia carga, ela relinchava, ficava inquieta, mostrava os dentes até que Jota subisse e se encarapitasse no jacá. Daí, Jury saía, pode-se dizer, saltitante de felicidade. E Jota também apreciava esse amor do animal por ele.
Assim, Jury e Jota ‘Contra-Peso” ficaram conhecidos por aquelas bandas por conta dessa amizade sincera e profunda de que desfrutavam. Até que Jota cresceu, Jury envelheceu e a vida os levou em diferentes direções, como sempre acontece com meninos sertanejos e éguas híbridas.
3.22.2006
Pois é!
Aí, então! Estive tão ocupada com tudo, faculdade, trabalho que deixei o blog de lado por uns dias, mas estou de volta. Queria ter coisas mais interessantes pra dizer, mas...
Saudades do Brasil, muitas saudades. O tempo parece voar, mas não a vida: a mesmice do dia-a-dia se mostra massacrante. Mais porque o que vem não é desejado. Que as crianças e adolescentes ao meu redor vejam em mim o resultado de não dedicar-se ao que se gosta e que sigam em frente em seus sonhos e prazeres.
Que eu me lembre disso quando falar com eles e com meu filhão.
Saudades do Brasil, muitas saudades. O tempo parece voar, mas não a vida: a mesmice do dia-a-dia se mostra massacrante. Mais porque o que vem não é desejado. Que as crianças e adolescentes ao meu redor vejam em mim o resultado de não dedicar-se ao que se gosta e que sigam em frente em seus sonhos e prazeres.
Que eu me lembre disso quando falar com eles e com meu filhão.
3.13.2006
Letras
Cercanias de mim,
Mensagens insólitas
E idiotas a meu respeito,
Minha mente não me deixa desbravar meus louvores
Não me deixa desfrutar do doce
Nem do amargo.
Minha mente não me permite sorrir,
Nem me permite repetir
Porquê não consigo decorar
Minhas próprias letras e sentenças
Repletas da palavra emprestada
Que tomo em minhas mãos
E manipulo como barro mole
Nas mãos do principiante ceramista?
Um misto de potencial e desajeito,
De vontade e desrespeito
Assim, vou não sendo,
Encolhendo em cantos escuros
Repetindo o que era esperado de mim:
O não ser.
Mensagens insólitas
E idiotas a meu respeito,
Minha mente não me deixa desbravar meus louvores
Não me deixa desfrutar do doce
Nem do amargo.
Minha mente não me permite sorrir,
Nem me permite repetir
Porquê não consigo decorar
Minhas próprias letras e sentenças
Repletas da palavra emprestada
Que tomo em minhas mãos
E manipulo como barro mole
Nas mãos do principiante ceramista?
Um misto de potencial e desajeito,
De vontade e desrespeito
Assim, vou não sendo,
Encolhendo em cantos escuros
Repetindo o que era esperado de mim:
O não ser.
3.08.2006
Women's day
Today is women's day. A day to re-think our paths and definitions of life, love and everything else. Today, maybe, we should question the double and third journeys we women are in. Today is a day for us to remind our people at home how we are special, sensitive, wonderful and more, much more. How much we are pieces and unit, parts and the whole. How much we are paper and stone. Fruits and roots, power and weakness. We are all that. And sometimes we are still treated as if we were nothing. Today is a day to scream out loud. At least today. Courage.
PS.: These words are for those women that unfortunately don't have love, care, respect, dignity...
PS.: These words are for those women that unfortunately don't have love, care, respect, dignity...
3.03.2006
Controle
Não existe controle real de nada, mas sim uma falsa idéia de controle embebida na cegueira do poder. O tempo é a prova real da impossibilidade de controle.
3.02.2006
A poesia
A poesia é deslocada da palavra,
da atitude, da idéia.
Se esconde entre teias antigas,
escuras, passadas.
A poesia se desintegra
( e se integra)
na parca luz do ser,
Para renascer inteira
a cada amanhecer.
Desse ponto voa livre
(e inalcançável)
Aos simples humanos
Que tanto a almejam.
E daí recomeça todo o ciclo
De retorno, integração,
esconderijo e liberdade.
Eterno, cansativo,
Desesperador
Desesperançador
Finalizador dos dias eternos que vivemos.
da atitude, da idéia.
Se esconde entre teias antigas,
escuras, passadas.
A poesia se desintegra
( e se integra)
na parca luz do ser,
Para renascer inteira
a cada amanhecer.
Desse ponto voa livre
(e inalcançável)
Aos simples humanos
Que tanto a almejam.
E daí recomeça todo o ciclo
De retorno, integração,
esconderijo e liberdade.
Eterno, cansativo,
Desesperador
Desesperançador
Finalizador dos dias eternos que vivemos.
Pequena consideração sobre a saudade
A saudade distorce os caracteres das coisas e das pessoas. A saudade aumenta qualidades e apaga lentamente os erros e defeitos. A saudade aumenta a quantidade de dias de sol e
dominui os dias tristes e chuvosos. A saudade limpa praias poluídas e refloresta encostas
devastadas. Devolve peixes aos rios e risos às bocas. Devolve a esperança. A saudade viaja nas músicas e nas fotografias, nos cheiros e nas cores. A saudade embebeda e amolece corações.
A saudade turva a mente e deixa de ser somente uma emoção para virar estorvo, peso, que se
alivia quando e tão somente quando se mata a saudade.
dominui os dias tristes e chuvosos. A saudade limpa praias poluídas e refloresta encostas
devastadas. Devolve peixes aos rios e risos às bocas. Devolve a esperança. A saudade viaja nas músicas e nas fotografias, nos cheiros e nas cores. A saudade embebeda e amolece corações.
A saudade turva a mente e deixa de ser somente uma emoção para virar estorvo, peso, que se
alivia quando e tão somente quando se mata a saudade.
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