4.21.2011

A capacidade de se encantar

Já abordei esse assunto antes, mas devido a imensa beleza da baía de São Francisco hoje cedo, retomo esse tema: a capacidade de encantamento que nos falta.
Ficamos sérios demais, ocupados demais, tristes demais. Alguns, babacas ou filhos-da-puta demais, para  verem a beleza do lado de fora.  Algumas vezes, falta-lhes conteúdo, são os burros demais para ver a beleza do sol dourado da manhã de primavera na baía e apreciá-lo. Ou lhes falta poesia, porque a hipoteca está tomando o cérebro, ou o filho que vai mal na escola, ou o casamento capenga, tirando o espaço necessário à ars poética. Não sei.
Sei apenas que se vissem a beleza lá fora, com certeza se sentiriam melhor para o que não têm como escapar. A beleza lhes seria antídoto contra a falta de perspectiva e, algumas vezes, seria mesmo resposta aos problemas enfrentados: inspiração chega, quando se libertam as Musas de suas amarras cotidianas.
Tantas vezes me chegou a resposta por olhar a beleza.
Se o dia permanecer intenso e belo como hoje cedo, a tarde promete ser tão linda quanto foi a manhã. Ainda há tempo de olharem com olhos de ver.

3.24.2011

Pluralidades

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A pluralidade das coisas é desconcertante,
Como é desconcertante que isso lhes faça singular.
Seus detalhes e sentidos,
Razões e loucuras e doçuras,
É o que lhes empresta a doce certeza de ser único.
A essa única combinação de características que as faz,
À nós, resta-nos apenas olhar,
E reconhecer a singularidade dentro da pluralidade
E sorrir satisfeito
Por não viver em um mundo feito de tédio.

Estranha

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De onde venho, que não me lembro?
Infância tive, ou são essas memórias, sonhos?
Ou memórias d efilmes de outrem?
Onde ficou aquela que fui?
(Não que eu lhe sinta a falta)
Onde dei o derradeiro passo que me transformou?
Tudo me é estranho,
mas familiar no toque.
Desconforto...

Sem raça definida: brasileira

Meu rosto não tem cor
sou branca, preta, amarela,
azul, roxa e rosa
verde, talvez, como a bandeira de meu país.
Eu sou do Brasil
 
Meu rosto não tem etnia
sou européia, negróide,
sou sulamericana,
forte como a raça de meu país.
Eu sou do Brasil
 
Meu rosto não se enquadra,
só me descobrem quando falo
com meu sotaque cadenciado
como a bela língua de meu país.
Eu sou do Brasil.
 
Meu rosto não tem raça definida, neu eu,
mas tem os traços de vida,
de milhas e milhas de amor,
como as milhas de distância que tenho da minha terra.
Eu sou brasileira.
 
 

1.18.2011

Os cabelos revoltos da inteligência

Se você reparar bem, todo mundo com alta inteligência tem uns cabelos meio revoltos. Olhe o Discovery Channel, ou o History Channel, não tem um cientista, se não for careca ou engelzado (existe essa palavra?), que nao tenha cabelo revolto. Mesmo que seja um rodamoinhozinho do lado, ou no cocuruto; ou uma franja que teime em cair na testa (o que também parece fashion entre o povo que pensa). Uma coisa! Claro que todos conhecem o ícone maior da dicotomia inteligência-cabelos revoltos: o Einstein. Que cabelos eram aqueles, super revoltos, crescendo pra cima! Rapaz, nem com chapinha aquilo pararia quieto.

Daí, fiquei toda feliz quando vi meus cabelos super volumosos na semana passada. “Devo estar ficando inteligente”, pensei, mas daí me dei conta de que só não estou prendendo tanto como antes, daí os danados estão respirando livres, e então se levantam, felizes, mas não significa que minha inteligência seja grande. Fiquei meio triste e fui ler um Aristóteles pra ver se entra algo nessa minha cabeça. Ou se pega no susto.

Minha única esperança, agora, é ficar bonita; não dizem que os donos ficam parecidos com seus cachorros? Então, minha cachorra é loura de olhos azuis, linda...

1.12.2011

O que se deixa pra trás é o que mais dói...

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Acabei de ver um filme da minha terra, e a protagonista, Lilia Cabral, lá pelas tantas, perde uma amiga dela desde sempre. Vi e chorei. E pensei na minha amiga Baby. E chorei mais ainda.

Imigrar é uma coisa estranha. Me pareceu a melhor opção, mas para o que veio comigo e o que ficou, eu não estava preparada. O problema de imigrar é que você tem de deixar sua história pra trás. As partes ruins, você deixa com prazer, mas as partes boas, ah, essas doem. Foi o caso dessa minha amiga. Vendo o filme, eu vi o espelho de nossa amizade, vi que tivemos/temos uma amizade bem parecida, vendo roupas juntas, passando por dificuldades e alegrias, brigando, passando cremes, morrendo de rir, dançando (paixão de nós duas); mas não tenho minha amiga aqui para conversar sobre o hoje. Nem ela me tem lá. Interrompemos nossa história quando eu imigrei. Claro que tenho outras amizades, algumas quase tão intensas, mas aquela tem um passado. Amizade daquelas que se diz: "lembra?" ou "você era..."

A Baby me ligou quando sua mãe faleceu. Eu ainda morava lá. Em um momento tão descabelado, eu fui a pessoa em quem ela pensou e isso foi muito honroso pra mim. E eu fui para o lado dela. Mas e agora, se outro alguém de nossas vidas se vai, teremos à mão o telefone da outra? Pensaremos na outra? Isso dói pensar.

Quando fui ao Brasil, retomei minha conversa com ela no ponto onde havíamos deixado. Não há hiato, apenas continuamos, como se desapertássemos a tecla pause de nossa conversa. Apenas agora eu tenho mais coragem de dizer-lhe meus sentimentos abertamente, dizer que a amo, que ela é minha melhor amiga.
Se eu interrompi nossa história, pelo menos agora eu tenho coragem de dar-lhe o tamanho exato de sua importância e talvez por isso, ainda seguimos construindo uma história à distância, intercalada e intermitente, mas firme e profunda como sempre. Uma amizade repaginada, reformada, imigrada.

12.22.2010

Que sentimento é esse?

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Nesses dias que antecedem o Natal, me acomete uma tristeza, uma melancolia que não sei explicar. Não sei se é a falta da família, ou se é a falta de dinheiro. Definitivamente é falta de alguma coisa. Não sei se isso é um sentimento tão grande porquê sou imigrante, ou se todos se sentem assim.


Meus pais envelhecendo, meu filho seguindo com sua vida, o marido estrangeiro em seu próprio país, não sei. Sei que sinto muito as mudanças pelas quais passei, de ser uma menina super entusiasmada com tudo dessa época, ao adulto que sou hoje, vendo o mundo com uns olhos cheios de esperanças, mas um tanto descrentes. Sinto muito pelas bobagens que vivi, minhas e dos outros. Sinto pelas idiotices e tolices dos caminhos que percorri, minhas e dos outros. Sinto muito, isso tudo me transformou de maneira definitiva e que não me apraz.

Definitivamente, não sei o que é, mas dói bastante e me ressinto um pouco de não estar me sentindo bem. Hoje especialmente. Queria estar livre, ser livre para me sentir daquele jeito de novo. É porquê é Natal, ou porquê me sentiria assim mesmo? Talvez, essa melancolia não tenha, afinal, nada a ver com Natal. E luto firmemente contra a lágrima que quer escorrer em público.

12.07.2010

Just would like to feel alive

I can’t simply go. I got all my commitments to complete: texts to write, house to tender, husband to love. And this meaningless, endless job to do. All that external, but today the only thing I want to do is go away. I wish I could go to Bolinas or similar, watch the fog and the ocean, smell the salt water, feel the breeze, shriver, very very cold, but ALIVE. I just wanted this, so simple, so cheap, but fundamental to sanity.


12.01.2010

Onde se encontra a ética?

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Se a ética está desvinculada do ato de servir aqueles que mais necessitam, onde está a ética então?
Se a ética se ausenta das atividades feitas em prol de outros e do próximo, onde está a ética?
Se a ética não é encontrada nas atividades públicas de pessoas públicas, e mesmo em suas atividades privadas, que deveriam ser as norteadoras de suas atividades públicas, onde está a ética?
Se a ética é deixada de lado a cada momento em que o interesse pessoal fica ameaçado, onde está a ética?

Me pergunto, dinate de tanta falta de ética que vejo, se há esperança de se operar nesse mundo com decêndia e ética, com justiça e coragem de mostrar o que se pensa, com a força daqueles que operam pelo único e maior objetivo de um mundo melhor.

Se eu não pensar que isso possa ser uma realidade (do futuro), não saberei operar nesse mundo de pulhas e idiotas de caras bonitas e sem ética onde tenho de viver.

Reflitam.

10.21.2010

My myth

I can see through my veil,

A mix of unknown feelings

Eating me alive

Every single day



I hear the noises of my doubts

And debate with the other options,

As if they were witches

Ready to take me to a place I don’t wanna go.



I don’t know what is there for me,

I don’t know there,

And I don’t know me.

I am the woman with a veil.



What will come after I cast myself off,

I am not really interested,

But I sure want to know

If I will keep my sanity to safely sail away.