8.27.2010

Considerações sobre o encantamento

Caminhando distraidamente pelos cotidianos atarefados que temos, pouco vemos das belezas que nos florescem pelo caminho. Como aquele violinista na estação do metrô em Washignton, D.C.. Joshua Bell, um dos maiores do mundo, tocando, e pouquíssimas pessoas perceberam a beleza da coisa. Na verdade, só uma mulher percebeu e parou para ouvir com calma. E várias crianças, que foram sumariamente, ou puxadas pelos pais apressados, ou tiveram um ou dois minutos pra admirarem aquilo, enquanto os pais não prestavam atenção. Faltou-lhes encantamento.

São Tomás de Aquino disse que a filosofia nasce do encantamento, e que portanto, o filósofo e o poeta são próximos por serem grandes na questão encantamento. Essa é a importância do encantamento. Quantas coisas perdemos por não não encantarmos mais nessa vida! E na cultura da maior parte do Brasil, encantar-se é ser bobo, ficar “abestado” com alguma coisa é coisa dos pouco educados, dos bobos, dos infantis, e assim vai aquela horda de gente tentando paracer “cool” , sem se permitir encantar-se com nada...’olha lá a boba, toda animadinha com um filminho de nada...”. Então criticam tudo e todos, porque não é “cool” mostrar interesse ou excitação com nada. E assim, esses pobres desditosos caminham sem fazer de seu cotidiano poesia, vivendo uma vida beige por medo de não ter os tons certos, mesmo que gostem das outras cores! E a poesia? E a felicidade que nasce da beleza das coisas?

Que perda cotidiana! Que tolice! É tão lindo encantar-se com uma letra de música, com uma melodia, com um poema ou obra de arte, com o seu filho brincnado, com o sol que nasce... É tão lindo mostrar os sentimentos mais nobres que fazem de nós seres humanos. É tão lindo ser humano.

7.10.2010

The sudden silence

The silence caught me by surprise,
When I was about to speak louder.
My puzzled eyes moved toward the sudden quietness,
In search of something worthy of praise,
Even if it was just the silence itself.
But I found only tears rolling down the face,
And understood the emotion
(Or the lack thereof)
Emptying lives and meanings,
Bringing noise as a safe escape
From one’s own troubles.
That’s when I silenced in reverence to your feelings.

7.09.2010

O Vento

O vento soprava ruidoso,
Entremeado de debris distantes.
Com força, balançava a janela do quarto,
Como se quisesse me pegar.
Medos de idades passadas
Voltaram como por mágica
E o sono reparador foi expulso
Para a terra do depois.
O livro, velho companheiro,
aguardava meu contato,
E num instante me carregou pra terras encantadas,
Onde o vento é sempre só uma brisa,
E a noite embala o sono dos cansados.

6.08.2010

Feathered sadness

The bird was sitting amid the branches,
unmovable, almost invisible,
Tweeting so low, sounded like weeping.
Ruffles from other wings didn’t disturbed him.
The frenetic chirping of the other birds,
and low flights, and straw hunting,
just promoted two or three little steps to the side, nothing else.
Wings meant nothing, not even the overrated freedom,
Envied by so many.
And the sad tweeting continued for a long time,
Until the sun went down,
And all the birds silenced in reverence to the night.

Freshly Picked Words

Picking words as if picking ripe peaches
Hanging from a branch.
Available, enjoyable.
Carefully crafting sentences
As if making preserve to last long winters.
Feeding the soul with the unpredictable sweetness
Of the nectar within.
Writing, summer exercise
As if there was no tomorrow.
Enjoying the sun-ripe transiency of words,
That may soon be collected into jars,
And put to rest inside dark cabinets.
Cabinet words are not as good as freshly picked ones.

5.13.2010

1st one after the rain

I, then, left the desk
And walked outside
To feel the sun shining
through the light green leaves of spring.
To feel the assuring breeze on my face.
To listen to the birds in the branch near me.
I left the desk defiantly,
Waiting for someone to say one more no,
To try to impose me someone else’s rules
And ways of living.
I opened my arms to feel the heat
And my eyes to see the sun
But I was blinded by the intense rays.
Maybe it is just too early.
I closed my eyes, back into my darkness.
Back at the desk,
I felt lost without the books and the papers to write.
Napping, however, was not an option. Yet.

5.06.2010

Estou Refratária

Ando refratária às coisas tolas,

Aos pensamentos nulos

E aniquilados pelo despropósito monumental

Que acomete à tantos.

Ando refratária às tolices ambientais,

Sociais, meridionais,

Ao acúmulo descalabrado

De ignóbeis pequenezas terrenas.

Ando fustigada e cheia

Das coisas comezinhas, idiotas,

Que acompanham cabeças vazias

De filosofias de vida,

Apenas apegas ao valor material

Das coisas que, no fim,

Nem vão importar mais.

4.20.2010

O que é hipocrisia?

Todos nós, fascinados com Filosofia, pensamos umas coisas meio sem nexo para a maioria dos mortais, ocupados com seus interesses pessoais e, até certo ponto, seus afazeres pessoais (depois eu volto à essa aparente contradição). Mas, às vezes, essas coisas (aquelas sem nexo, que pensamos) aparecem na nossa frente assim por acaso e levem a mais uma onda de pensamentos.

Por exemplo, vejam o artigo da Revista Dicta e Contradicta: O que é hipocrisia?

Podemos conversar sobre isso depois. Pode mandar um email.

3.03.2010

On a given moment of a life's road.

Sitting at the curb of life
Watching the craziness pass by,
I wondered about my own place.
Where should I go,
What is the right turn to take ?
I continue seated and watching;
Letting the craziness pass by.
This is way too insane
For my philosopher heart to take.
Everything should be much simpler than this.
Simply beautiful, good and just.
It is not hard.

But I decided not to let myself be caught,
and taken, and mushed.
Instead, I prefer the turn at the exit for a better world.
Maybe the next one.

3.02.2010

Writing

I am much better written than spoken.
How amazing is the power of the words, their meanings, their usage. The sentence, well positioned, is awesome.
Writing, I rediscover the awe the philosophers talked about.